quinta-feira, 30 de junho de 2016

A distância do amor

Haverá algo que possa dispersar o amor?
Haverá salmo que consumará as promessas dos amantes?
Haverá noite que nos fará esquecer o gosto da pele?
Haverá lembrança que não se transforme em poesia?
Haverá luar sem o doce cântico dos mares?
Haverá sombra sem a acolhida do passado?
Haverá gestos que não se perpetuem na memória?
Haverá couraças que não se quebrem?
Haverá maiores e menores intenções?
Haverá Deuses a suspeitar da humanidade?
Haverá códigos por trás das telas de Dalí?
Haverá manhãs sem o hálito da Terra?
Haverá voos que não nos conduzam a nada?
Haverá sonhos que não despertem?   
Haverá amor que se cale?
Haverá distância que o amor não possa alcançar?

Ticiana Vasconcelos Silva

Duy Huynh

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Lúcida tristeza

Permear o encanto dos desencantos
E sonhar com os mantos que encobrem nossos olhares
Vagar pelos espaços de sabores e deleites
Sorrir com o encontro de sóis e luares
Fugir das ondas e tormentos que nos cercam
Para mergulhar nas profundezas de nossos mares
Saber, enfim, que nada é derradeiro
E sim que somos pássaros de voos fugazes.

Ticiana Vasconcelos Silva



quarta-feira, 15 de junho de 2016

Janela da alma

Olho-me no espelho e vejo a sombra do passado.
Olho-me por dentro e vejo o silêncio de um sábio.
Olho-me em você e vejo que deixei-me de lado.
Olhos na estrada e pés cansados.
Olhos nas estrelas e coração amuado.
Olho os meus dedos e escrevo o canto dos pássaros.
Abro a janela e contemplo o espaço.
Olho minha alma e já não sei se o que faço
É canção ou saudades.


Ticiana Vasconcelos Silva


Robert Doisneau