sábado, 3 de março de 2018

O último cântico

Eles me chamam
E vejo estrelas me conduzindo
Por aquele caminho invisível
Indizível e solitário
Nada me afetará
Nem o caos, nem a luz, nem a escuridão
Quero ir para longe, perto de quem me ofereceu a vida, o sol e as estrelas
Não sei mais dizer o que sinto
Só sei que vou
E não quero voltar
Abismos entram, um mar de nuvens me rodeia
A água me cobre e o sol deixa um vazio em meu peito
Escrevo a última canção
Para não me segurar ao condenar-me por este último ato
Sem dor, arbitrário, simples
Como uma flecha que voa em direção ao infinito
E atinge o peito de um sonhador
Sussurrarei o amor brando em pesadelos
Ganharei a vida iluminada
Mergulharei em ondas vorazes
E te encontrarei
Ali, serena, singela, altiva
A flor do meio-dia
O amor que nunca verão

Ticiana Vasconcelos Silva




Hilma af Klint