Há tristeza
E há beleza
Cada átomo
Que se desfaz
É um ritmo
Que incendeia
Os últimos desejos
Janelas encobrem
As moléculas do céu
E um véu escorre
Sobre as paredes da alma
Chove e faz sol
E o girassol promete
A vida íntima
De um rouxinol
Gotas caem
Luzes se apagam
E a cama dança
No ritmo do dia
A noite quase não nasce
E quem não vem
Passou e ficou
Hóspedes na casa
Crianças no almoço
O cachorro e seu osso
E o namorado se disfarça
Água doce na ceia
Uma semente de simpatias
Um só pé de meia
E a lua inteira
Devagarzinho se apagam
Todas as estrelas
E tudo retorna
À casa, à natureza
Ilusões nos porões
Quadros de areia
A madrugada ao leste
E o tambor da aldeia
Pureza original
Poesia final
Uma palavra que corta
O sol central
As batidas do coração
São os sinos do agreste
E a última canção
É o amor celeste
Ticiana Vasconcelos Silva
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